25.01.2021 - 1. Atividades ao ar livre – restrições necessárias
Como já me referi em post anterior, as pessoas com imunodeficiência, principalmente as transplantadas, não devem se expor ao sol (à radiação ultravioleta), pois esta pode causar problemas aos linfócitos, que são as células do sistema imunológico relacionadas com a defesa do organismo.
Quando nossa pele é exposta à radiação ultravioleta, ocorre uma complexa cascata de eventos que termina com a inibição do funcionamento do sistema imunológico, tornando-o susceptível a infecções por vírus, bactérias e parasitas. No caso dos pacientes de TMO, a exposição ao sol ativa mais os linfócitos, o que aumenta/piora a chance de GVHD (DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO) e gera resposta inflamatória na pele.
Os linfócitos ativados (que agora são as células imunes funcionais da medula óssea transplantada) passam a atacar as células e os tecidos do organismo receptor. Casos mais comuns: pele, estômago, intestino e fígado. Assim, mesmo que por pouco tempo, se deve evitar sair em dias de muito sol; e se isso for extremamente necessário, passar protetor solar total usar e roupas que protejam o corpo.
As caminhadas ou corridas que se fazia antes do transplante devem ser substituídas por exercícios em recintos fechados: em casa (preferencialmente) ou em academias. Esteira e bicicleta irão ajudar a manter a forma. Mesmo uma simples ida à padaria da esquina ou ao mercadinho do outro lado da rua, há que se tomar o cuidado necessário.
Mas não é somente para os imunodeficientes que o excesso de exposição aos raios solares é maléfico: além dos possíveis tumores cutâneos, passar horas fritando na areia atrás daquele bronzeado enfraquece o sistema imunológico. A radiação ultravioleta – tanto a UVA quanto a UVB – faz com que as células do sistema imune da pele percam energia, dando sopa para qualquer micro-organismo estranho agir.
Voltando à questão específica dos imunodeficientes, temos ainda a problemática da vacina contra o COVID-19. Apesar de já se ter iniciado as vacinações contra o Corona Vírus, todos teremos que manter por um longo período, as precauções e cuidados que tomamos hoje; mesmo porque estamos enfrentando problemas sérios com o suprimento de vacinas em quantidade e prazo adequados, o que postergará a previsão de imunização da grande maioria da população.
Não foi feito nenhum estudo com qualquer das vacinas contra o vírus SARS-CoV-2 envolvendo pacientes imunodeficientes, ou seja, não se estabeleceu a eficácia e a segurança da vacina para este grupo de pacientes. Mas sabe-se que pacientes com tumores sólidos, neoplasias hematológicas e aqueles submetidos a transplantes de medula óssea têm risco aumentado de complicações da COVID-19. E evidências emergentes demonstram que os pacientes de transplante de medula óssea têm alta taxa de mortalidade se infectados com SARS-CoV2.
Com certeza, você transplantado, assim como eu, toma todos os cuidados e respeita todas as orientações referentes à distanciamento social, uso de máscara e aplicações álcool gel e higienização das mãos. Mas muitos de nossos familiares e amigos “abandonaram” um pouco estes cuidados. E não se dão conta de que o problema não necessariamente se dará com eles, mas com outros que, muitas vezes sem saber, “recebem” o vírus e amargam a doença.
Prevenir antes de remediar: essa é a máxima!
E você, está respeitando estes cuidados simples?
No próximo post: surpresa!!!
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