Doze meses da pega: o que posso comemorar?
A vida! Simplesmente a vida: uma segunda chance, uma prorrogação, um tiebrake, chamem como quiserem. Doze meses desde aquele 12 de abril de 2020, um domingo de Páscoa tão aguardado. E coincidentemente veio a confirmação da pega num dia especial, para nós os católicos: o dia da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Aliás, os domingos de Páscoa com algum acontecimento marcante em minha vida não são novidade. Em 1998, época que morei na Alemanha, coincidentemente estávamos em viagem com meus pais e sogros pela Europa, e calhou de estarmos em Fátima (visitando o Santuário de Nossa Senhora de Fátima) também num domingo de Páscoa. Emocionante, para dizer o mínimo.
Mas foram meses de insegurança (e esperança ao mesmo tempo), desde aquele junho de 2019 quando me foi sinalizado que alguma coisa não ia bem com minha saúde. Exames e consultas constataram a enfermidade e sua rápida evolução para um patamar que só o transplante resolveria. Já mencionei aqui a força que recebi de toda minha família e de meus amigos, principalmente de meus 3 irmãos que prontamente se dispuseram a fazer os testes que fossem necessários para verificarmos se havia compatibilidade suficiente para uma doação para transplante.
E quando confirmamos que tínhamos a compatibilidade, foi uma festa: a chance de um transplante estava ali. Bastava agora conseguirmos fazer com que meu organismo reagisse às medicações quimioterápicas então administradas, pois sem que chegássemos a um certo nível máximo de presença de blastos no mielograma, não fazia sentido fazermos o transplante. Foram 3 meses de expectativa e de tratamento específico e, com a administração adicional de um medicamento dedicado ao tipo de LMA que eu tive nos dois últimos meses, alcançamos o valor ideal que nos permitiu fazer a programação do transplante. E meu irmão Luis Fernando e sua esposa fazerem suas preparações para virem para São Paulo, pois haveria um procedimento a ser cumprido por ele, antes de retirado o sangue de sua medula.
E passamos por tudo isso bem no começo da pandemia do COVID-19, o que obviamente, foi um capítulo à parte. Tudo novo e desconhecido, fechamento de tudo (quase que os “expulsaram” do hotel), restrições de deslocamento, fechados no quarto do hotel – e nós no quarto do hospital. Mas tudo correu bem, com meu irmão e comigo, e chegou o dia do transplante: 25 de março de 2020. Feito o procedimento, era aguardar que os resultados indicassem que a medula recebida tinha assumido as suas funções. Dias de expectativa e muitos exames. Mas deu-se a pega num domingo de Páscoa, aquele agora remoto 12 de abril de 2020. Festa, comemoração, choro de alegria! Um misturar de emoções!!! Era a segunda chance: o renascimento!
E lá se vão 365 dias; exatamente hoje, 12 de abril de 2021. Muito se passou nesse um ano: recaídas e retomadas, ajuste de medicações e mais exames atrás de exames. Dias de indisposição e de vontade de ficar só deitado, que não se concretizaram pela persistência e presença constante da Viviane – segurou a barra e não deixou “a peteca cair”. Os primeiro 6 meses foram os mais difíceis: tive alguns efeitos secundários que exigiram a administração de medicação específica. Mas esses dias ficaram para trás. Hoje já estou muito mais disposto, tomando muito mais cuidado do que a maioria das pessoas pela minha condição, mas vivendo a vida, um dia atrás do outro.
Com escrevi em post anterior, estou tomando todas as vacinas novamente segundo o calendário que me foi estabelecido, e no aguardo (ansioso) pela minha hora de tomar a vacina contra a COVID-19. Sem nunca deixar de agradecer (e orar) por minha família e meus amigos que sempre me confortaram e torceram por mim.
Abraços.
