14.03.2021 - Os Bancos de Sangue pedem socorro
Neste post quero tratar da questão da doação de sangue, que, mais do que um gesto de amor, é uma ação que salva vidas.
Durante todos os posts que fiz aqui em meu blog, sempre ressaltei a importância das inúmeras transfusões de sangue que tomei desde a descoberta de minha leucemia, até receber a notícia de que minha “nova” medula óssea já estava a produzir as células sanguíneas de forma correta. Inclusive reproduzo abaixo um trecho da entrevista que fiz com minha médica da Prevent Senior (Dra. Vivien Bautzer), quando ela explicou do que se tratar a Síndrome Mielodisplásica (SMD)
Dra. Vivien: A síndrome mielodisplásica (SMD) se caracteriza, principalmente, por uma falha na medula óssea em produzir as células do sangue. Podemos comparar a medula óssea (o “tutano” do osso) como uma fábrica que produz carros. É como se a montadora produzisse 10 carros no dia, e passasse a produzir apenas 8. Além desse déficit de quantidade, os carros “saem” da fábrica com defeitos de qualidade (sem retrovisor, sem porta) e precisam ser recolhidos.
No caso das células sanguíneas, as defeituosas duram menos tempo no sangue. Sendo assim, o paciente pode apresentar redução do número de glóbulos vermelhos (anemia), dos glóbulos brancos (leucócitos) e/ou das plaquetas.
Como já escrevi anteriormente, no meu caso a evolução de SMD para LMA (Leucemia Mieloide Aguda) se deu em poucos meses, o que me “obrigou” a buscar a alternativa do transplante, que seria a possível cura definitiva. Mas durante todo o tempo decorrido entre a identificação da SMD, da evolução para a LMA, a internação na BP (Beneficência Portuguesa), o transplante, a pega e a liberação em virtude de os exames de sangue indicarem que as células sanguíneas estavam sendo produzidas corretamente, tive que receber um sem números de bolsas de plaquetas e hemácias. E posso dizer que só suplantei essa fase e cheguei hoje aonde estou, porque em nenhum momento houve falta ou restrição na administração das bolsas.
Porém vejo hoje com tristeza um pedido de socorro do hospital que me proporcionou continuar vivo: a BP está com estoques baixíssimos de sangue, o que pode levar a suspensão e adiamento de alguns procedimentos de transplante de medula óssea. Quando cheguei ao ponto de agendar o transplante, pedi a meus parentes e amigos que se dispusessem a fazer a doação de sangue. Isso aconteceu e inúmeros familiares, parentes e amigos compareceram ao Banco de Sangue e fizeram esse gesto de amor e desprendimento para com o próximo.
Agora precisamos de uma nova onda de doações para que mais vidas sejam salvas. Como mencionei anteriormente, só quem já passou por essa situação, como eu, sabe da importância vital de se ter bolsas de sangue disponíveis para ajudar no processo de cura.
O Banco de Sangue da BP fica na Rua Maestro Cardim, 1041; as doações podem ser agendadas pelo telefone 3505-1000. Informações importantes quanto ao funcionamento do Banco de Sangue da BP:
- para poder doar sangue é preciso estar em boas condições de saúde, pesar acima de 50 kg e ter entre 16 e 69 anos (desde que a primeira doação tenha sido realizada até 60 anos);
- a partir de 23/03/2020 serão recebidos 60 doadores por dia, de forma a se evitar possíveis aglomerações;
- de forma temporária, estão inaptos à doação de sangue e componentes aqueles que receberam as vacinas contra a Covid-19. Período de inaptidão: Sinovac/Butantan: 48 horas após cada dose | AstraZeneca/Fiocruz: 7 dias após cada dose.
Benefícios da doação de sangue:
- faz bem para o coração, pois durante o processo de retirada do sangue, o nosso corpo é obrigado a repor as células vermelhas do organismo. E isso ajuda na diminuição dos riscos de entupimento das artérias do coração e do cérebro, além de reduzir a quantidade de ferro no nosso sangue e a diminuir o fluxo sanguíneo nas nossas artérias.
- diminui o risco de câncer, como de fígado, pulmão e de garganta;
- descanso para o doador, pois o governo concede um dia de descanso do trabalho ao doador;
- check-up completo, pois para que o sangue doado possa ser utilizado, os hemocentros realizam uma série de exames, com o objetivo de identificar se ele está apto ou não para ser armazenado no banco de sangue. Entre os testes feitos com o sangue do doador encontram-se pesquisas de doenças como hepatite B e C, sífilis e HIV;
- não há risco de contrair doenças na doação de sangue e seu organismo repõe rapidamente o sangue doado
- ajuda ao próximo, e não apenas a uma pessoa, já que p sangue doado é separado em diversos componentes, como plaquetas, hemácias e plasma. E, com isso, eles podem ser usados em diferentes pacientes em variadas situações.
Conto com todos vocês.
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